O ex-director desportivo e o ex-médico da antiga equipa de ciclismo Maia LA-MSS (Manuel Zeferino e Marcos Maynar) foram esta manhã formalmente acusados da co-autoria de 16 crimes relacionados com a administração de substâncias dopantes.
O Ministério Público (MP) analisou cuidadosamente todos os documentos que foram enviados pela Polícia Judiciária (PJ) e decidiu levar os dois ex-elementos da Maia LA-MSS "à barra do tribunal".
Apesar de contactados por vários jornalistas, Zeferino e Maynar não quiseram comentar o caso, dizendo apenas que estão "de consciência limpa" e que o caso "está nas mãos de um grupo de advogados contratados para analisarem os documentos enviados ao MP".
Recorde-se, que a PJ revelou recentemente ter encontrado nos escritórios e nas casas particulares de alguns ex-ciclistas da equipa, substâncias que, segundo vários peritos, só poderiam ser usadas para fins de dpoing, pois "pessoas saudáveis, que fazem desporto de alta competição, não precisam de ser tratadas com essas fortes substâncias".
Segundo os mesmos investigadores científicos, "as substâncias encontradas [Aranesp e o Neorecormon] servem apenas para tratar pessoas que tenham anemias muito graves, causadas por insuficiência renal grave ou por sessões de quimioterapia".
Lance Armestrong, acusado muitas vezes de correr dopado, disse na sua página do Twitter que já tinha utilizado essas substâncias, mas apenas quando estava a ser tratado a um cancro nos testículos, "devido a uma anemia provocada pela quimioterapia e radioterapia".
O ciclista adiantou que "esses medicamentos são apenas usados para os tratamentos referidos, e que ninguém que não sofra de cancro ou de problemas renais, precisa dessas substâncias".
Armstrong disse ainda que as pessoas não podem pensar que "um tipo a fazer quimio ou radioterapia pensa em competir", pois esses tratamentos "são tão dolorosos e cansativos, que uma pessoa fica de rastos e só pensa em se deitar numa cama e descansar bastantes horas seguidas".
Jornalista: João Miguel Pereira
quarta-feira, outubro 07, 2009
segunda-feira, outubro 05, 2009
Ciclismo: PJ encerra investigações do "caso Maia LA-MSS"
A Polícia Judiciária (PJ) anunciou esta manhã que as investigações à equipa de ciclismo Maia LA-MSS foram encerradas.
Recorde-se, que há poucas semanas a PJ chegou a desmantelar um esquema de doping relacionado com esta equipa, enviando para o Ministério Público "relatórios explosivos".
Depois de encerradas as investigações, cabe agora ao DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal) acusar (ou não) Manuel Zeferino e Marcos Maynar de corrupção desportiva e corrupção de substância medicinais.
O ex-director desportivo e o ex-médico da Maia LA-MSS também poderiam vir a ser acusados de homicídio involuntário, mas a Unidade de Combate à Corrupção e a Brigada de Homicídios da PJ disseram que não se podia provar que a morte de Bruno Neves durante uma prova velocipédica tivesse sido causada por uma administração de substâncias dopantes.
No ano passado, em declarações ao Diário de Notícias, Zeferino revelou que os investigadores da PJ e do CNAD (Conselho Nacional de Antidopagem), depois de feitas algumas rusgas às instalações do clube e às casas particulares dos membros da equipa, apenas encontrou "alguns medicamentos normais", o que contradiz o relatório apresentado agora para polícia, que refere que foram encontrados "medicamentos com substâncias dopantes, material destinado a auto-transfusões sanguíneas e instrumentos de uso clínico, nomeadamente seringas".
Tais medicamentos e instrumentos foram recentemente mostrados à comunicação social e apesar da PJ ter escondido os nomes e marcas dos fármacos foi possível ver que o Aranesp e o Neorecormon estavam entre as substância apreendidas.
Robin Parisotto, perito internacional no combate à dopagem sanguínea, explicou ao Diário de Notícias que "o único propósito desses fármacos numa competição desportiva é manipular o sangue, de modo a aumentar a capacidade de transporte de oxigénio e melhorar a resistência física."
Parisotto disse ainda que o Aranesp e o Neorecormon "não são medicamentos normais, porque apenas são usados nos hospitais e em doentes de tenham anemias graves, causadas por insuficiência renal ou pelas sessões de quimioterapia", acrescentando que "ninguém consegue fazer desporto de alta competição com este tipo de doenças".
O mesmo perito avança ainda que "o uso normal de Aranesp e Neorecormon é incompatível com a actividade desportiva de alto nível", por isso, "pode-se considerar que a utilização destes medicamentos num clube desportivo só tem um propósito: dopar os atletas".
O director clínico da Eurodial (Centro de Nefrologia e Diálise de Leiria), Cândido Ferreira, partilha da mesma opinião: "As pessoas que praticam desporto de alta competição não precisam de EPO [substância activa do Aranesp e Neorecormon]. Portanto, qualquer administração dessa substância num atleta, apenas tem o objectivo de fortalecer esse competidor, falseado por completo a verdade desportiva".
Jornalista: João Miguel Pereira
Recorde-se, que há poucas semanas a PJ chegou a desmantelar um esquema de doping relacionado com esta equipa, enviando para o Ministério Público "relatórios explosivos".
Depois de encerradas as investigações, cabe agora ao DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal) acusar (ou não) Manuel Zeferino e Marcos Maynar de corrupção desportiva e corrupção de substância medicinais.
O ex-director desportivo e o ex-médico da Maia LA-MSS também poderiam vir a ser acusados de homicídio involuntário, mas a Unidade de Combate à Corrupção e a Brigada de Homicídios da PJ disseram que não se podia provar que a morte de Bruno Neves durante uma prova velocipédica tivesse sido causada por uma administração de substâncias dopantes.
No ano passado, em declarações ao Diário de Notícias, Zeferino revelou que os investigadores da PJ e do CNAD (Conselho Nacional de Antidopagem), depois de feitas algumas rusgas às instalações do clube e às casas particulares dos membros da equipa, apenas encontrou "alguns medicamentos normais", o que contradiz o relatório apresentado agora para polícia, que refere que foram encontrados "medicamentos com substâncias dopantes, material destinado a auto-transfusões sanguíneas e instrumentos de uso clínico, nomeadamente seringas".
Tais medicamentos e instrumentos foram recentemente mostrados à comunicação social e apesar da PJ ter escondido os nomes e marcas dos fármacos foi possível ver que o Aranesp e o Neorecormon estavam entre as substância apreendidas.
Robin Parisotto, perito internacional no combate à dopagem sanguínea, explicou ao Diário de Notícias que "o único propósito desses fármacos numa competição desportiva é manipular o sangue, de modo a aumentar a capacidade de transporte de oxigénio e melhorar a resistência física."
Parisotto disse ainda que o Aranesp e o Neorecormon "não são medicamentos normais, porque apenas são usados nos hospitais e em doentes de tenham anemias graves, causadas por insuficiência renal ou pelas sessões de quimioterapia", acrescentando que "ninguém consegue fazer desporto de alta competição com este tipo de doenças".
O mesmo perito avança ainda que "o uso normal de Aranesp e Neorecormon é incompatível com a actividade desportiva de alto nível", por isso, "pode-se considerar que a utilização destes medicamentos num clube desportivo só tem um propósito: dopar os atletas".
O director clínico da Eurodial (Centro de Nefrologia e Diálise de Leiria), Cândido Ferreira, partilha da mesma opinião: "As pessoas que praticam desporto de alta competição não precisam de EPO [substância activa do Aranesp e Neorecormon]. Portanto, qualquer administração dessa substância num atleta, apenas tem o objectivo de fortalecer esse competidor, falseado por completo a verdade desportiva".
Jornalista: João Miguel Pereira
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