segunda-feira, outubro 05, 2009

Ciclismo: PJ encerra investigações do "caso Maia LA-MSS"

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou esta manhã que as investigações à equipa de ciclismo Maia LA-MSS foram encerradas.

Recorde-se, que há poucas semanas a PJ chegou a desmantelar um esquema de doping relacionado com esta equipa, enviando para o Ministério Público "relatórios explosivos".

Depois de encerradas as investigações, cabe agora ao DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal) acusar (ou não) Manuel Zeferino e Marcos Maynar de corrupção desportiva e corrupção de substância medicinais.

O ex-director desportivo e o ex-médico da Maia LA-MSS também poderiam vir a ser acusados de homicídio involuntário, mas a Unidade de Combate à Corrupção e a Brigada de Homicídios da PJ disseram que não se podia provar que a morte de Bruno Neves durante uma prova velocipédica tivesse sido causada por uma administração de substâncias dopantes.


No ano passado, em declarações ao Diário de Notícias, Zeferino revelou que os investigadores da PJ e do CNAD (Conselho Nacional de Antidopagem), depois de feitas algumas rusgas às instalações do clube e às casas particulares dos membros da equipa, apenas encontrou "alguns medicamentos normais", o que contradiz o relatório apresentado agora para polícia, que refere que foram encontrados "medicamentos com substâncias dopantes, material destinado a auto-transfusões sanguíneas e instrumentos de uso clínico, nomeadamente seringas".

Tais medicamentos e instrumentos foram recentemente mostrados à comunicação social e apesar da PJ ter escondido os nomes e marcas dos fármacos foi possível ver que o Aranesp e o Neorecormon estavam entre as substância apreendidas.

Robin Parisotto, perito internacional no combate à dopagem sanguínea, explicou ao Diário de Notícias que "o único propósito desses fármacos numa competição desportiva é manipular o sangue, de modo a aumentar a capacidade de transporte de oxigénio e melhorar a resistência física."

Parisotto disse ainda que o Aranesp e o Neorecormon "não são medicamentos normais, porque apenas são usados nos hospitais e em doentes de tenham anemias graves, causadas por insuficiência renal ou pelas sessões de quimioterapia", acrescentando que "ninguém consegue fazer desporto de alta competição com este tipo de doenças".

O mesmo perito avança ainda que "o uso normal de Aranesp e Neorecormon é incompatível com a actividade desportiva de alto nível", por isso, "pode-se considerar que a utilização destes medicamentos num clube desportivo só tem um propósito: dopar os atletas".

O director clínico da Eurodial (Centro de Nefrologia e Diálise de Leiria), Cândido Ferreira, partilha da mesma opinião: "As pessoas que praticam desporto de alta competição não precisam de EPO [substância activa do Aranesp e Neorecormon]. Portanto, qualquer administração dessa substância num atleta, apenas tem o objectivo de fortalecer esse competidor, falseado por completo a verdade desportiva".


Jornalista: João Miguel Pereira

Sem comentários: